quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Dança do Acasalamento

Fiquei meio reticente ao começar esse artigo. Antes de deixar aqui minhas impressões pessoais à cerca do que será exposto fui em busca de bases sólidas de informações para tal constatação: os livros.
Revirei páginas e mais páginas em busca de alguma afirmação contrária que jogasse por terra a minha idéia em prosseguir.
Acho que era um receio íntimo do que minhas impressões irão causar a quem me ler. No entanto, me sinto na necessidade de continuar.
Tenho observado com o correr dos anos, o “correr” assustador de informações, inovações à cerca do corre-corre diário o que existe mesmo que inconscientemente, mudanças comportamentais no indivíduo.
A globalização de mundos expandiu os espaços físicos entre as pessoas. O que antes era “nosso” agora é compartilhado com o mundo.
Em meio a toda essa gama de informações está o ser vivo, o “bicho homem” que em meio a essa expansão se sente perdido, e o pior, todos os dias é desafiado a prosseguir, mesmo sem saber para onde vão.
Estamos em crise, eu afirmo. Crise de identidade, crise de entendimento de si mesmo e principalmente crise de entendimento do outro, definitivamente não nos entendemos mais. Estaríamos vivendo em uma torre de babel?
O que falta para trazermos de volta todo lirismo do relacionamento a dois?
Essa vida corrida onde tudo tem que ser resolvidos com a mesma velocidade que a velocidade da luz nos deixou fugazes, práticos e porque não insensíveis.
Aquela coisa da conquista, de ficar dias conversando, se conhecendo, diria até vulgarmente falando a “dança do acasalamento” não existe mais, o cortejo sereno quase que inocente.
Estaria eu sendo excessivamente romântica?
Até que alguns diriam: aquela ali parou no tempo.
Pode ser. Mas convenhamos é maravilhoso aquele namoro no portão, aquela época em que um olhar traduzia todo um sentimento.
E o que fazer em meio a essa nova forma do “amor prático?” Nos adaptarmos jogando por terra nossos dogmas e preceitos ou tentarmos a todo custo reverter esse quadro caótico do relacionamento e trazer de volta os áureos tempos.
Esse desenfreado de andar do tempo trouxe junto com ele três leões vorazes: a solidão, a tristeza e a dor.
Tenho observado pessoas falando sempre a mesma coisa: estou só
Em sentidos práticos ouvi muitas dizerem: quando vamos para a cama no primeiro encontro somos consideradas “fáceis” se não vamos, colocando em prática o plano do conhecimento do outro, ou como falei anteriormente a “dança do acasalamento” eles caem fora no segundo passo da dança. Diria até que alguns nem tem tempo para a conquista de almas, como desbravadores vorazes querem tão somente a conquista de corpos. A alma bela, sensível e inteligente da mulher que se lixe.
E o que fazermos diante dessa queda de braço? Deixar-se levar pela mão da solidão ou se adaptar aos novos mecanismos de um relacionamento volúvel e sem muitas possibilidades de chegar ao segundo passo da dança?
Eu particularmente ainda acho viável continuarmos tentando, quem sabe um dia chegaremos ao final da dança felizes e com a certeza de que valeu a pena a espera e a conquista de um bom par para a dança do acasalamento.

Rosane Silveira

Opine!!!

2 comentários:

  1. Ai amiga...vc me fez recordar o meu tempinho do namoro no portão, de esperar o namorado, de ficar tão feliz ao vê-lo, de andar de mãos dadas, do primeiro beijo "roubado", de ficar vermelha de vergonha...ai, como era bom a inocência....poxa vida...Onde foi parar tudo isso??? Já não existe namoro, e sim "namorildo". Se vai para a cama com tanta facilidade...Isso não está certo, falem o que quiser de mim, pois não concordo, tem sim que existir essa dança da conquista, era tão bom...

    ResponderExcluir
  2. Realmente os tempos mudaram... Talvez essa nova geração não sinta necessidade do prazer da conquista, da troca de olhares, do namoro no portão, ou "dança do acasalamento", (referência dada pela poetiza), mesmo porque não viveram isso, não sentiram aquele "frio na barriga" apenas por estar de mãos dadas com a outra pessoa...
    O romantismo virou banalidade, caretismo.
    Na minha opinião, (claro que não se aplica a todos, mas a grande maioria dos jovens de hoje), há os dois lados:
    ELES - Com a facilidade de poder ter em sua cama uma garota sem nenhum tipo de compromisso quando quiserem, pra que perder tempo com cortejos, romantismo*?
    ELAS - Com essa mesma facilidade, se não ceder no primeiro encontro, certamente outra o irá fazer, então, pra que perder tempo*?
    Tudo se tornou fácil, sem graça e sem expectativas.
    Eu vivi os bons tempos, a geração "careta" e sou feliz por isso!

    ResponderExcluir