Dança do acasalamento
Fiquei meio
reticente ao começar esse artigo. Antes de deixar aqui minhas impressões
pessoais à cerca do que será exposto fui em busca de bases sólidas de
informações para tal constatação: os livros.
Revirei
páginas e mais páginas em busca de alguma afirmação contrária que jogasse por
terra a minha idéia em prosseguir.
Acho que era um receio íntimo do
que minhas impressões irão causar a quem me ler. No entanto, me sinto na
necessidade de continuar.
Tenho
observado com o correr dos anos, o “correr” assustador de informações,
inovações à cerca do corre-corre diário o que existe mesmo que
inconscientemente, mudanças comportamentais no indivíduo.
A globalização
de mundos expandiu os espaços físicos entre as pessoas. O que antes era “nosso”
agora é compartilhado com o mundo.
Em meio a toda essa gama de
informações está o ser vivo, o “bicho homem” que em meio a essa expansão se
sente perdido, e o pior, todos os dias é desafiado a prosseguir, mesmo sem
saber para onde vão.
Estamos em crise,
eu afirmo. Crise de identidade, crise de entendimento de si mesmo e
principalmente crise de entendimento do outro, definitivamente não nos
entendemos mais. Estaríamos vivendo em uma torre de babel?
O que falta
para trazermos de volta todo lirismo do relacionamento a dois?
Essa vida corrida onde tudo tem
que ser resolvidos com a mesma velocidade que a velocidade da luz nos deixou
fugazes, práticos e porque não insensíveis.
Aquela coisa
da conquista, de ficar dias conversando, se conhecendo, diria até vulgarmente
falando a “dança do acasalamento” não existe mais, o cortejo sereno quase que
inocente.
Estaria eu sendo excessivamente
romântica?
Até que alguns diriam: aquela ali
parou no tempo.
Pode ser. Mas
convenhamos é maravilhoso aquele namoro no portão, aquela época em que um olhar
traduzia todo um sentimento.
E o que fazer
em meio a essa nova forma do “amor prático?” Nos adaptarmos jogando por terra
nossos dogmas e preceitos ou tentarmos a todo custo reverter esse quadro
caótico do relacionamento e trazer de volta os áureos tempos.
Esse
desenfreado de andar do tempo trouxe junto com ele três leões vorazes: a
solidão, a tristeza e a dor.
Tenho observado pessoas falando
sempre a mesma coisa: estou só
Em sentidos
práticos ouvi muitas dizerem: quando vamos para a cama no primeiro encontro
somos consideradas “fáceis” se não vamos, colocando em prática o plano do
conhecimento do outro, ou como falei anteriormente a “dança do acasalamento”
eles caem fora no segundo passo da dança. Diria até que alguns nem tem tempo
para a conquista de almas, como desbravadores vorazes querem tão somente a
conquista de corpos. A alma bela, sensível e inteligente da mulher que se lixe.
E o que
fazermos diante dessa queda de braço? Deixar-se levar pela mão da solidão ou se
adaptar aos novos mecanismos de um relacionamento volúvel e sem muitas
possibilidades de chegar ao segundo passo da dança?
Eu
particularmente ainda acho viável continuarmos tentando, quem sabe um dia
chegaremos ao final da dança felizes e com a certeza de que valeu a pena a
espera e a conquista de um bom par para a dança do acasalamento.
Rosane Silveira
Creio que as pessoas andam demasiadamente apressadas. querem fazer ¨tudo ao mesmo tempo e agora ¨. na verdade isso se deve ao fato de que as informações nos chegam de todos os lados ,e a todo momento. com certeza o ser homano esta mais frio e insensível , infelizmente...
ResponderExcluirNa questão do relacionamento amoroso ; ainda preservo em mim o romantismo de algum tempo atrás . e a vulgaridade que tenho visto frequentemente me deixa muito triste.
Um abraço ,Rosane !
fica na paz !
Rosane, seu artigo é atual e instigante!
ResponderExcluirA globalização e a modernidade trouxeram as novas mídias que aumentam o tráfego de informações e consequentemente a necessidade de querer sempre mais e mais. Com a velocidade o tempo diminui. Einstein já sabia disso e colocou na sua equação da relatividade. Isso provoca em nós uma sensação de estarmos sempre perdendo. E no campo do relacionamento surgem os modismos para compensar as carências. Sim, por que somos carentes do outro, somos seres gregários. Mas nem sempre fáceis diante do relacionamento. Precisamos sim da dança do acasalamento, dos rituais de conquista, etc. E acredito que nem outra revolução tecnológica somada a esta vai mudar isso.
Então só as pessoas mais maduras(não estou falando aqui de idade, mas sim de experiência e sabedoria) têm chance de construir um relacionamento mais duradouro pois sabem esperar e executar os tais rituais de aproximação e aceitação do outro, desde outro que é tão exigente quanto nós.
Tenho dito.
Abraço!
Eu li e adorei o texto.
ResponderExcluirEu pensei como você. "Tentei reverter o quadro". Fiquei dançando sozinha. Aí resolvi dançar conforme a música. Também na segunda dança, fiquei sozinha.Voltei a estaca zero. Optei em continuar sozinha. Pois só nós mulheres nos apaixonamos. Os homens em primeiro lugar, querem sexo, nunca o amor; talvez por medo de se sentirem presos em meio a tantas facilidades...
Esse estar só na multidão já existia bem antes da internet, talvez com o advento desta a coisa pode ter se avolumado. A forma muda, mas a essência não muda. Acho que tudo é uma questão de estarmos e procurarmos ficar bem com a gente mesmo, dar muita importância ao mundo que nos cerca é fria. Não é uma questão de umbigo, é de preservação mesmo. Quando a gente está bem com a gente, as coisas acontecem, eu creio. No mais, seu texto é impecável, escrita finíssima. Abraços.
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